sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vem ver-o-peso da saudade

Amanheci com uma saudade que não cabe no peito. Saudade dos dias de sol, do calor, da chuva da tarde, do cheiro de asfalto molhado, do som dos pássaros e do sotaque peculiar que só minha terra tem. Saudade do cheiro de tacacá na rua, de ver uma bandeirinha vermelha em cada esquina e da vizinhança barulhenta do Jurunas.

Saudade de todos os sons, de todos os cheiros, de todos os gostos, do taperebá ao bacuri, do cheiro-do-Pará à inhaca do ver-o-peso, do brega ao siriá. Saudade do arrastão do arraial, de ver estrelinhas cintilantes, ver o boi pedindo esmola e cantar saudades de Bragança.

Saudade do ajiru, do sal, da princesa de algodoal. Saudades de muitos lugares: da ferinha da República, da Basílica da Santa, de ver-o-rio seguir o seu curso lentamente nas diversas "janelas para o rio", mas saudades principalmente de dois lugares: da Roberto Camelier onde mora Seu Celso e Dona Fátima e da Almirante Barroso esquina com Humaitá. Duas Casas minhas, dois tesouros de Deus.

Saudade de ser família numerosa, dos irmãos que deixei, dos almoços de domingo, da bronca dos pais e do amor sem limite. Saudade das missas festivas, das tardes de sábado e das noites de sexta. Saudades dos abraços apertados, das vozes que cantam, das músicas que encantam. Saudade de ter um lugar para chamar de CASA, de ter o fundador do lado, de não ter que pedir licença, de ser 180.

Saudade...saudade de ser quem sou quando estou na minha terra, das saias hippie, das faixas na cabeça, dos brincos coloridos, das sandálias rasteiras. Saudades de viver com leveza e de ser feliz no pouco, no simples. Saudade simplesmente de ser Pará.